Uma das questões mais mencionadas quando se fala da Overload é: por que ser uma banda cover? Sobre o assunto, temos que iniciar afirmando que tocar covers sempre foi a nossa opção. Até já cogitamos desenvolver um trabalho com músicas próprias, mas por diversos fatores - os quais abordarei a seguir - não levamos tal projeto adiante.
Antes de mais nada, é preciso esclarecer que para uma banda a opção de tocar exclusivamente covers não significa dizer que seus integrantes não tenham talento para escrever suas músicas. Apenas a título de exemplificação, eu mesmo já fiz parte de diversas bandas (Insanu´s, Crazy, Wause!Wause! e Dick Vigarista, dentre outras) que lançaram músicas próprias, algumas delas com razoável sucesso comercial na cidade. Além disso, dentre os atuais integrantes da Overload há um publicitário(Bellini) e um criador de jingles(Dalton) que fizeram campanhas muito bem sucedidas na mídia local. Dessa forma, creio que se resolvêssemos fazer nossas músicas, teriam elas, no mínimo, alguma qualidade.
Por outro lado, sempre tivemos a noção de que realizar trabalho musical próprio exige disposição para apresentá-lo publicamente, inclusive com gravações em estúdio e lançamento comercial. Isso, no entanto, está totalmente fora de nossos planos, pois a música para os integrantes da Overload é apenas um hobby, ainda que o levemos muito a sério. Todos nós temos profissão definida - e a ela nos dedicamos quase que integralmente - e não temos mais idade e nem condição financeira para nos aventurar em algo que não queremos que seja mais do que uma diversão (tanto para a nossa banda quanto para o nosso público).
Eu, particularmente, nunca entendi a razão pela qual algumas pessoas praticamente exigem que uma banda que se propõe ser cover toque músicas próprias. Executar seu próprio trabalho nem sempre é garantia de qualidade. Existem, aqui e acolá, excelentes bandas covers e péssimas bandas com canções próprias.
Temos um trabalho de longo prazo. Não somos uma banda de última hora. Sempre tocamos rock, embora alguns limtem o nosso estilo, chamando-o de pop rock. Entretanto, isso não nos importa, vez que na música rótulo só serve para dono de loja de cds. Tocamos, basicamente, rock nacional e internacional dos anos 80 e 90. Tocamos também músicas mais atuais porque o nosso público rejuvenesceu e não podemos decepcioná-lo.
Dentro do cenário musical de Manaus, temos um bom relacionamento com praticamente todas as bandas, do pagode ao heavy metal. De várias delas gostamos muito, de outras nem tanto e de poucas não temos nada de bom a dizer. Mas todas elas nós respeitamos. Sabemos como é difícil fazer um bom trabalho aqui. Os espaços ainda são poucos, o apoio dos órgãos governamentais e da iniciativa privada é quase nenhum e há, lamentavelmente, muita desunião entre os músicos.
Mas, apesar de tudo, continuaremos juntos nessa família que é a Overload, composta de amigos que dividem um gosto comum, que é a música. Estaremos sempre lutando por melhores e maiores espaços, não só para a Overload, mas para todas as bandas de rock. E seguiremos tocando covers, sempre com a condição de que eles sejam de boa qualidade. E lembrem-se: banda de rock é igual a piada, se você não achou graça, basta não dar risada.
Obs: Este singelo artigo é dedicado ao Rocco. Que suas críticas, ainda que ácidas, nos façam crescer e evoluir, como pessoas e como banda!
Alexandre Novaes